Artista » Grupo Mariquinhas

  • Área cultural: Artesanato
  • Comunidade: Conjunto Mariquinhas
  • Telefone(s): (31) 3454-9839
  • Endereço: Rua Serro Azul, nº. 105 – Conjunto Mariquinhas – Bairro Juliana – BH – MG – CEP: 31.780-746
  • Classificação: bordados;

Descrição:

Mariquinhas: as mulheres que bordam histórias em panos
Dos retalhos da vida à colcha de histórias, rumo às passarelas do mundo da moda.
Uma trajetória bordada pelas senhoras do Conjunto Mariquinhas.
O trabalho do Grupo Mariquinhas, hoje formado por 11 mulheres, teve início em 1997, no Centro Educacional de Profissionalização e Formação Ambiental da Criança e do Adolescente, conhecido na comunidade como Creche Mariquinha, coordenada por Dona Yvone.
A demanda pelo aprendizado das técnicas de bordados surgiu através de um curso de desenho oferecido para as mães das crianças da creche, tendo como instrutor o artista Wilson Avelar. As mães ficaram encantadas com o trabalho de Wilson, que se comprometeu a que ensinar mais do que desenhar, ele disse que ensinaria as mulheres a transcrever a vida para o pano.
O primeiro trabalho do grupo foi a confecção e bordado de uma colcha, com mais de quarenta retalhos, representações de fragmentos da vivência pessoal de todas as alunas. O resultado foi uma belíssima colcha-livro, com alegrias, dificuldades, cores e sentimentos que compõe a história e o imaginário das mulheres do Grupo Mariquinhas.
Wilson trabalhou com as Mariquinhas por quatro anos e de 2001 em diante elas caminharam sozinhas, carregando tudo que aprenderam e contando, sempre, suas próprias histórias. A criatividade e a qualidade dos bordados são demonstradas tanto no perfeccionismo dos acabamentos das peças, quanto na utilização de materiais diversificados, como botões, miçangas, linhas, pedraria e material reciclado.
Segundo Yvone Barbosa da Silva (60), coordenadora do grupo e do centro educacional, o segredo de um bom trabalho está na prática. O trabalho gerou frutos e com eles, reconhecimento. O primeiro grande espaço conquistado pelo grupo foi uma exposição na galeria do artista plástico Léo Bahia. Logo depois, as criações do grupo ficaram expostas na Galeria Selma Albuquerque. Hoje, as Mariquinhas dividem o tempo entre os bordados para o estilista Vitor Dzenk, mundialmente conhecido, e para Léo Bahia, mas já desenvolveram trabalhos também com Ronaldo Fraga.
O trabalho que realizam para Vitor é todo feito de acordo com as criações do estilista. As peças de Dzenk levaram os bordados coloridos do grupo ao evento de moda Fashion Rio, na coleção de verão 2006 (veja www.victordzenk.com). O trabalho que está em andamento para Léo Bahia é realizado em segredo absoluto e as informações conseguidas pela reportagem Favela, que constatou a beleza do trabalho, não podem ser relatadas aqui.
No entanto, quando não é feito sob encomenda, o trabalho das Mariquinhas é feito como manda a criatividade delas. “Existem criações próprias, uma delas inclusive risca. Existe originalidade. Cada uma tem seu jeito de trabalhar”, diz a estilista Luciana Mesquita (41) que pesquisou o trabalho das Mariquinhas, em 2005, pela Escola Guignard, da Universidade Estadual de Minas Gerais.
Ao falar do trabalho das Mariquinhas, Vitor Dzenk não poupa empolgação. “As vezes elas transformam alguns materiais que não vamos utilizar, que é lixo, em luxo”, revela. “Nós começamos no verão de 2005 e o trabalho vem crescendo cada vez. Estamos aprimorando as técnicas de bordado. Eu trouxe uns bordados do México e elas têm desenvolvido peças. O trabalho tem sido muito bacana”, diz. Além da admiração pelo trabalho delas, o estilista revela que existe um algo a mais nesta união. “É um bordado que tem emoção. Elas trabalham com este lado emotivo, não é simplesmente decorativo. O que me uniu a elas foi esta coisa da emoção”, afirma Dzenk. E o casamento tem planos para o futuro: “eu tenho um projeto pela Lei Rouanet que envolve meu trabalho com elas e que tem tudo pra dar certo”, revelou.
“O que achei interessante foi que o trabalho delas surgiu de uma carência, elas não tinham material para bordar. Elas catavam objetos. Hoje elas recebem ajudas de fábricas que contribuem com materiais para o trabalho. Muitas delas conseguiram construir suas casas com o trabalho”, constata a pesquisadora Luciana.
Apesar de as encomendas para grandes estilistas e do trabalho diário e intenso, sempre existe um tempo para a comunidade. As Mariquinhas, hoje, oferecem aulas de bordados, gratuitamente, para moradores do conjunto.

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