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Além do Som: Bandalém, Blackouts e Quero Rap
Literalmente, além do som, o projeto, iniciado em 2003, no Morro do Querosene, é fonte de música e cidadania. A história dos coordenadores ajuda a explicar o motivo de tanto sucesso, para eles cabe a famosa passagem da multiplicação dos pães.
Em 2003, surgiu na Vila Monte São José, conhecida como Morro do Querosene, a Bandalém. O grupo nasceu do Projeto Além do Som, uma parceira entre a creche Recanto do Menor e o músico Bodô. O objetivo é trabalhar, além do desempenho escolar e a formação social, as habilidades artístico-musicais das crianças e jovens da comunidade.
Boa parte das 230 crianças e adolescentes de 0 a 14 anos que integram o Recanto do Menor, participa do Projeto Além do Som do qual surgiu a Bandalém, o grupo Blackouts e o Quero Rap. Os três ensaiam, trabalham e se apresentam juntos. O Blackouts é formado por Adilson, o Bala, e Frederico, o Ted, ambos ex-alunos do Projeto Além do Som. Os dois coordenam o Quero Rap, que funciona dentro do Recanto do Menor e é composto por 20 crianças e adolescentes.
A Bandalém, grupo de percussão, é uma viagem pelos tambores do Brasil. O coordenador do Além do Som, o músico Paulo Marins, famoso como Juninho Bob Marley, conta que o passeio do repertório começa no nordeste e vem até o sudeste. “O som sai da Bahia, com influências do Olodum e do Ilê, passa pelo Maracatu de Recife e desce para o sudeste, com o samba do Rio de Janeiro e o som mineiro, construído com o Tambolêle e o Tizumba. Existe também uma parceria com Sérgio Pererê e tocamos músicas dele e minhas também”, relata.
Além dos membros das bandas, o Projeto Além do Som tem outros integrantes, que participam apenas das oficinas, as aulas de percussão, por exemplo, têm 50 alunos. Juninho Bob Marley diz que o objetivo não é formar apenas músicos, mas preparar os cidadãos. “O fato de eles participarem do projeto, não quer dizer que eles vão ser músicos A música é só um caminho para escapar da violência, das drogas, quando o menino chega para fazer parte desse projeto, ele não vai aprender só a música, ela vai para a ser um ser humano digno…”, avalia.
A história de quem faz história
Bodô
O Projeto Além do Som começou por iniciativa do músico Bodô, Valmir Alcântara Alves, que hoje não faz mais parte do projeto. Formado em história, ele se mudou para Paraíba onde, por uma bolsa da Fundação Ford, realiza o sonho de fazer o mestrado.
Natural de Itaobim, no Vale do Jequitinhonha, Bodô (31), começou em 1997 a trabalhar como arte-educador nas comunidades ribeirinhas da bacia do Rio São Francisco. A percussão tomou conta da vida de Bodô quando ele ainda era muito pequeno, auto-didata, influenciado pelo Candomblé e as Folias de Reis começou a tocar aos cinco anos de idade.
Em 2005, Bodô foi selecionado pelo Programa Rumos Educação Cultura e Arte 2005-2006, do Instituto Itaú Cultural, com o projeto Além do Som, desenvolvido com o apoio das Obras Sociais da Paróquia de Santo Inácio de Loyola. Ele foi um dos cinco selecionados, entre 221 inscritos de todo o Brasil.
Juninho Bob Marley
Juninho Bob Marley assumiu a coordenação do Projeto em 2006, com a saída de Bodô. Assim como os meninos das bandas do Além do Som, Juninho tomou gosto pela percussão em um projeto social quando ainda era criança no Maria Goretti, bairro em que foi criado. Ele era membro da banda Porto de Minas, com mais de 70 integrantes, idealizada pelo músico Negoativo.
“Eu sempre trabalhei com os meninos, eu morava no Maria Goretti na década de 90 quando a pior droga chegou em BH, o crack. Eu tava começando na música, eu perdi muitos amigos. Como eu comecei cedo na música, com 17 anos eu iniciei um estágio no Miguilim, com meninos de rua e foi uma experiência muito boa”, conta.
A satisfação do músico e educador-social é ver os jovens colocando em prática o que aprenderam. “O retorno é quando eles sobem no palco, quando eles estão indo pra outro lugar, é muito gratificante. Já fomos a São Paulo, Ouro Preto, Diamantina e muitos outros lugares. Os convites surgem independente da divulgação, os shows são nossos principais cartões”, analisa.
Hoje, além dos grandes shows, o Blackouts do Rap, o Quero Rap e a Bandalém se apresentam em escolas públicas, particulares e em instituições para crianças deficientes. Em relação ao cachê, ele disse que nem sempre a remuneração é em dinheiro, mas as parcerias, às vezes, prevêem brindes como camisas para os jovens. Quando o retorno é financeiro, a verba é utilizada para comprar instrumentos e materiais para as bandas.

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