Aglomerado Santa Lúcia População: 14881

O Aglomerado Santa Lúcia, localizado na região centro-sul de Belo Horizonte, é formado por quatro vilas: Vila Estrela, Vila Santa Rita de Cássia (Morro do Papagaio), Barragem Santa Lúcia e Vila São Bento (conhecida como Vila Esperança, Vila Carrapato ou Bicão).

Conhecido popularmente como Morro do Papagaio em função das muitas crianças e jovens que subiam para o alto do morro para soltar papagaios, o aglomerado surgiu no inicio do século 20. A ocupação se intensificou a partir da década de 40, quando muitas pessoas do interior vieram morar na capital. O aglomerado era ainda maior territorialmente, mas algumas famílias foram retiradas da região para ceder à construção do bairro São Bento. Não há registros com relação à data precisa da formação do Aglomerado Santa Lúcia.

Segundo José Pedro Moreira, residente na comunidade há 60 anos, o terreno onde está situado o aglomerado pertencia a três fazendeiros “Doutor Mário, senhor Anastácio e Família Diomar”. As casas só podiam ser construídas à noite, porque o local era vigiado por um órgão da prefeitura chamado X-Bel, que barrava a ocupação no local.

José Pedro Moreira conta que onde hoje é a lagoa da barragem existia um espaço de cerâmica e um brejão onde moravam algumas poucas famílias. Na época houve muitos conflitos entre os moradores e a polícia, mas os proprietários antigos abandonaram o local permitindo a ocupação. No início não existiam ruas, somente trilhas feitas pelos tropeiros que circulavam pela área. De acordo com moradores mais antigos, um desses tropeiros era o Senhor Guido, que criava bois no local onde hoje é conhecido como Praça do Boi.

Ainda segundo José Pedro Moreira até a década de 80 o governo não oferecia o mínimo de infra-estrutura à comunidade. O processo de urbanização foi iniciado na década de sessenta quando foram instalados três chafarizes, quando não existia esgoto, rede elétrica, assistência medica e transporte.

A fazendinha, importante patrimônio histórico, situado à Avenida Arthur Bernardes, é um dos raros vestígios coloniais na Capital. O imóvel pertence à Izabel Rocha de Magalhães, uma das moradoras mais antigas do aglomerado. Segundo dona Izabel a fazendinha possuía um manancial de águas, composto pelos córregos Cercadinho, Leitão e Ferrugem, que formavam uma lagoa que hoje é chamada Lagoa da Barragem Santa Lúcia. De acordo com pesquisa feita pelo Projeto Memória, em 1894, parte da fazenda Cercadinho, foi desapropriada para a construção de uma área verde além da capital, denominada “Colônia Afonso Pena”. A partir de 1929 já há registros de ocupações no aglomerado.

Em 1992 um grupo de moradores do Aglomerado Santa Lúcia, por meio da União Comunitária da Barragem Santa Lúcia, solicitou junto ao Conselho do Patrimônio Histórico de Belo Horizonte o tombamento da Casa da Fazendinha. O objetivo era que o casarão fosse transformado em centro cultural.

A iniciativa dos moradores de recorrer ao poder público para reclamar o reconhecimento de um patrimônio de valor cultural e histórico para uma comunidade de favela foi algo inédito na cidade. A documentação organizada na ocasião do processo de tombamento mostra a importância que ele tem na história de constituição da comunidade.

Um diagnóstico da Escola de Arquitetura da UFMG reconhece o valor patrimonial do imóvel, vinculando-o à história do Aglomerado: “Este trabalho (a restauração do casarão) torna-se de extrema importância como único registro deste exemplo arquitetônico que marca o início da ocupação da área onde está situado.” Quem falou isso?

Durante muitos anos a casa foi esquecida pela história oficial da cidade e mesmo após o tombamento ainda não teve uma restauração adequada que corresponda ao seu valor cultural.
A partir da década de 80 algumas melhorias foram realizadas através do PRODECOM, Programa de Desenvolvimento de Comunidades e nos anos 90 com as reivindicações conquistadas no Orçamento Participativo.

De acordo com a pesquisa do Projeto Memória a lagoa que fica no início do Aglomerado foi criada pelo extinto Departamento Nacional contra a seca em 1954. A construção da barragem foi finalizada no início da década de 70, e a canalização de seus afluentes possibilitou a infra-estrutura necessária para a formação dos bairros ao entorno.

Atualmente as vilas do Aglomerado Santa Lúcia estão quase totalmente urbanizadas, exceto a Vila São Bento que é uma ocupação recente. O Aglomerado Santa Lúcia conta com escolas, creches, transporte coletivo, postos médicos e policiais. A comunidade é atendida por vários programas sociais, dentre eles o Fica Vivo, da Secretaria de Defesa Social e também do BH Cidadania que oferece oficinas culturais para os moradores da comunidade.

Durante o ano são realizadas algumas festas no Aglomerado como festas juninas organizadas pelo Arraial do Sabuco Duro grupo de quadrilha da comunidade. O carnaval e o dia da consciência negra também são festejados e a passagem de ano é comemorada com a queima de fogos na Barragem Santa Lúcia. O Aglomerado tem uma boa referência cultural com artistas conhecidos na cidade, entre eles o grupo de teatro do Beco, o artista plástico Pelé, grupos musicais de Rap e Samba e blocos de carnaval e batucada.

Calendário

Festa Mês Dia Local
Carnafavela Fevereiro Av. Arthur Bernardes
Congado Novembro Nas ruas do aglomerado
Dia das Crianças Outubro 12 Av. Arthur Bernardes
Festa dia das mães Maio Av. Arthur Bernardes
Festa junina (Quadrilha do Sabuco Duro) Junho Av. Arthur Bernardes Pça da Barragem
Reveillon Dezembro 31 Av. Arthur Bernardes Pça da barragem
Aglomerado Santa Lúcia
Aglomerado Santa Lúcia
Aglomerado Santa Lúcia
Aglomerado Santa Lúcia
Aglomerado Santa Lúcia
Aglomerado Santa Lúcia
Aglomerado Santa Lúcia
Aglomerado Santa Lúcia
Aglomerado Santa Lúcia
Aglomerado Santa Lúcia
Aglomerado Santa Lúcia
Aglomerado Santa Lúcia

Artistas

Em breve.