Conjunto Mariquinhas População: 4224

Numa área da região Norte, localizada entre os bairros Juliana e Satélite, está localizado o Conjunto Mariquinhas. Segundo Paulo Versiani, líder comunitário e coordenador dos núcleos do Movimento dos “Sem-casa”, a origem do nome está relacionada ao curioso fato da área ter sido uma fazenda, de propriedade de três irmãs solteironas.

Numa área da região Norte, localizada entre os bairros Juliana e Satélite, está localizado o Conjunto Mariquinhas. Segundo Paulo Versiani, líder comunitário e coordenador dos núcleos do Movimento dos “Sem-casa”, a origem do nome está relacionada ao curioso fato da área ter sido uma fazenda, de propriedade de três irmãs solteironas. Elas foram apelidadas de Mariquinhas pelas crianças, que atravessavam o terreno para chegar à escola, sendo chamadas a atenção com freqüência.

De acordo com pesquisa da URBEL – Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte, a primeira ocupação realizada no Conjunto Mariquinhas, em sete de janeiro de 1990, contou com a participação de cerca de 550 famílias. Estas famílias eram, em sua maioria, originárias do bairro 1º de Maio. Após uma semana de estadia, em que foi obtida uma autorização provisória de ocupação da área junto à prefeitura, as famílias foram retiradas do local pelo batalhão de choque da Polícia Militar, enviado pelo Governo do Estado.

Sem ter para onde ir, as famílias ocuparam a Igreja São José, onde permaneceram por 12 dias. De acordo com a URBEL após negociações com o Estado, através da COHAB MG – Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais, 350 famílias foram assentadas no Confisco e 158, no Ribeiro de Abreu.

Segundo moradores mais antigos, a luta pela área de Mariquinhas era representada tanto pelo Movimento dos “Sem-casa” do núcleo 1º de Maio, quanto pelo grupo do bairro Jaqueline e região, cuja representante era Dona Inês. Nas reuniões do Clube das Mulheres do bairro Jaqueline, a falta de moradia era o principal eixo de discussão.

Conforme dados fornecidos pela URBEL, a desapropriação da área, processo iniciado em 1988, através da luta do grupo do bairro Jaqueline, se efetivou em maio de 1990. Apesar desta conquista, a construção das casas foi interrompida, devido à sucessão do governo estadual. Diante da dificuldade de moradia, foi organizada uma nova ocupação de cunho simbólico. O objetivo da ação era sensibilizar as autoridades do poder público para a questão. A manifestação não obteve sucesso, sendo dispersa pela chegada de policiais.

A retomada das negociações com a COHAB aconteceu após a ocupação das escadarias da Igreja de São José, em 22 de julho de 1991, onde os manifestantes permaneceram por 30 dias. De acordo com a Urbel, a COHAB indicou oito áreas para ocupação provisória, enquanto as casas no Mariquinhas não ficassem prontas. O local escolhido foi a Fazenda Marzagânia, próxima a Sabará – MG, para onde se deslocaram, em 22 de agosto de 1992.

Como Marzagânia ficava distante do centro da cidade e a infra-estrutura era precária, foi tomada a decisão de mudança imediata para o Mariquinhas. Já no local, os novos habitantes acamparam sob lonas até o término das construções. Neste período de acampamento, os moradores organizaram um mutirão para limpeza da área, que abrigava inclusive cobras. O Corpo de Bombeiros foi chamado para fazer a queima do lixo, enquanto a COHAB foi responsável pela construção de tanques e chuveiros coletivos com água potável, instalações sanitárias e iluminação, melhorando as condições das famílias acampadas até a entrega das novas moradias.

Segundo Versiani, “A infra-estrutura e urbanização foram conquistadas em 1993, quando a prefeitura assumiu a responsabilidade de financiar o material de construção das casas, saneamento através da implantação das redes de água, luz, esgoto e pavimentação. As famílias construíram as casas através de ajuda mútua entre os moradores.

Atualmente a principal reivindicação é o título definitivo de propriedade junto ao Governo do Estado e à Prefeitura. Paulo Versiani afirma também que existe, hoje, um desejo dos moradores de mudar o nome do Conjunto Mariquinhas. De acordo com ele, parte da comunidade acredita que Mariquinhas seja pejorativo. O novo nome deverá ser escolhido através de um plebiscito.

Calendário

FestaMêsDiaLocal
Aniversário do ConjuntoJulho22Pracinha da Creche – Rua Vaqueiro de Búfalo nº.27
Festa Junina – QuadrilhaJunhoPracinha da Creche – Rua Vaqueiro de Búfalo nº.27
Conjunto Mariquinhas
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Artistas

A pesquisa realizada pela equipe da ONG Favela é Isso Aí e correspondentes bolsistas da comunidade revelou que existem pelo menos 47 artistas-solo e grupos culturais no Conjunto Mariquinhas. A maior parte da produção artística é na área de artesanato, somando 24 cadastros (51,06%). Em segundo lugar está a música, atividade desenvolvida por 11 cadastrados da comunidade (23,40%). A área das artes plásticas é a terceira manifestação artística presente no conjunto Mariquinhas, com sete cadastrados (14,89%). Dança é atividade menos desenvolvida, mas ainda assim registrou cinco representantes (10,63%). Em as principais necessidades relatadas, a mais citada foi a falta de recursos materiais e financeiros para produção do trabalho artístico, considerada prioritária por 41 artistas (87,23%). Treze artistas (27,65%) disseram ter necessidade de espaço para produzir, ensaiar, expor e/ou apresentar seu trabalho. Veja a seguir o cadastro completo.