Conjunto Paulo VI População: 3736

O Conjunto Paulo VI, na região nordeste de Belo Horizonte, faz divisa com os Bairros Paulo VI, Ribeiro de Abreu, Capitão Eduardo e o mais novo, Bairro Montes Claros. A área verde, reservada para ser uma área ecológica do Conjunto, recebeu novos habitantes, formando recentemente a ocupação Vila da Mata.

Nos últimos anos, o Favela é Isso Aí vem desenvolvendo o Projeto Banco da Memória, já tendo atendido a mais de 50 comunidades em Belo Horizonte e interior do Estado. Esse projeto tem como objetivo geral registrar e divulgar a arte e a cultura das comunidades, mostrando a cara da favela na internet e em outros produtos, como é o caso desse jornal.

Em 2010, a ong aprovou um projeto junto ao Fundo Estadual de Cultura – FEC, que levou as ações do Banco da Memória para duas escolas públicas de Belo Horizonte, através do Projeto Núcleo de Cidades.
Esse projeto, inicialmente pensado para ser desenvolvido junto ao Plug Minas, busca capacitar jovens alunos das escolas para produzir e apresentar conteúdos culturais, contribuindo para um novo olhar sobre as comunidades onde residem e seu lugar no mundo.

As principais ações desenvolvidas foram:
– escolha das comunidades e dos temas para a pesquisa;
– capacitação dos jovens, em processo, em ações e metodologias de pesquisa cultural, diagnóstico, fotografia, produção de texto e vídeo;
– produção de uma página na internet para cada comunidade pesquisada;
– produção de um jornal impresso para cada escola parceira, com os dados das comunidades pesquisadas;
– produção de um documentário para cada comunidade, junto com os jovens das escolas;
– formatura e realização de evento final com as turmas envolvidas.

As comunidades escolhidas para o trabalho foram o Conjunto Paulo VI, na regional Nordeste da Capital, e o aglomerado formado pelas comunidades do Alto Vera Cruz, Taquaril e Granja de Freitas, na regional Leste.

No Conjunto Paulo VI, a equipe da ONG Favela é Isso Aí realizou o trabalho com os alunos da Escola Estadual Neidson Rodrigues, dentro da disciplina de artes, ministrada pelo Professor Luís Henrique para as turmas de 1º. Ano do ensino médio.

No total, foram envolvidos 88 jovens, em oficinas de produção de texto e atividades de pesquisa, fotografia e conhecimento da realidade da comunidade. O resultado pode ser visto nas próximas páginas.

CONHEÇA A ESCOLA PARCEIRA

Escola Estadual Neidson Rodrigues

A Escola Estadual Professor Neidson Rodrigues está situada à Rua Laranja da Terra, s/n, no Conjunto Paulo VI. Surgiu a partir da demanda dos próprios moradores, pois na comunidade não havia escola que atendesse crianças e adolescentes, que tinham que se deslocar para estudar fora do Conjunto.

O espaço, que inicialmente seria um lixão, foi destinado para construção da escola devido à mobilização comunitária. Recentemente construída, teve suas atividades iniciadas em janeiro de 2010, mas ainda aguarda a inauguração oficial. A unidade possui também um anexo, que funciona no Bairro Capitão Eduardo, na Escola Municipal Governador Ozanan Coelho.

A primeira diretora da Escola foi Neusa Maria Campos, que atou de janeiro de 2010 a junho de 2011, época de realização do projeto. Logo em seguida se aposentou, mas continua desenvolvendo atividades na escola, como voluntária.

A escola funciona em tempo integral, com aulas no período da manhã para jovens do ensino médio. À tarde são desenvolvidos projetos de reforço escolar, enquanto no período noturno são ofertados o ensino médio e a Educação de Jovens e Adultos – EJA.

No último dia 04 de junho a escola promoveu eleição para escolher a nova diretoria, sendo que só os alunos participaram da votação. Foi eleito como diretor Frederico Gomes Altan, professor de Lingua Portuguesa. Avaliando a gestão anterior, diz que a diretora Neusa “é experiente e arrojada no que faz e teve competência para exercer a função”. A nova diretoria será empossada no mês de agosto e ficará pelos próximos dois anos.

História da comunidade

O Conjunto Paulo VI, na região nordeste de Belo Horizonte, faz divisa com os Bairros Paulo VI, Ribeiro de Abreu, Capitão Eduardo e o mais novo, Bairro Montes Claros. A área verde, reservada para ser uma área ecológica do Conjunto, recebeu novos habitantes, formando recentemente a ocupação Vila da Mata.
Os moradores mais antigos do Conjunto são oriundos do “Movimento dos Sem Casa II”, ocorrido na década de 1980, que conquistou, através da organização coletiva, escolas, creches, posto de saúde, dentre outros equipamentos públicos.

Antes de ocupar a área, um grupo de aproximadamente 1.400 famílias participou da luta pela terra na cidade de Santa Luzia. Era formado por pessoas dependentes de aluguel, vindas desse município e dos bairros Palmital, Jaqueline, São Benedito, Asteca e Londrina, em Belo Horizonte.

Em agosto, de 1987, os participantes do Movimento ocuparam terreno baldio, pertencente à prefeitura de Santa Luzia, em Nova Esperança. Após nove dias de ocupação, lideranças e militantes receberam ordem de despejo, com presença da tropa de choque da polícia, representantes do governo e imprensa. Algumas famílias, sem ter onde morar, foram encaminhadas e abrigadas na Igreja Nossa Senhora do Rosário, na área Central, onde residiram por quatro meses e dezessete dias.

Após, negociações do Movimento com o Estado, um terreno, no bairro Paulo VI, pertencente a Belo Horizonte, foi destinado ao assentamento das famílias. Neste mesmo ano foi fundada a Associação de Amigos do Conjunto Paulo VI, que, juntamente com a Associação Movimento Sem Casa II, organizou a distribuição dos lotes. Durante Assembléia Geral, foram decididos os coordenadores, os primeiros ocupantes e os números dos lotes. Em dezembro de 1987 ocorreu o primeiro assentamento.

As famílias receberam subsídios para construírem suas habitações (dois cômodos e um banheiro), em um terreno de 150 metros quadrados. Algumas casas chegaram a ser de lona, até a construção das moradias em alvenaria. Nesse período foram chamados de “Vaga-lumes”, devido à claridade das lamparinas ou velas, utilizadas como fonte de luz. Houve também a história do “pombo sem asa”, com estreita relação com um banheiro público, de uso coletivo, no início da comunidade.

Muitas das casas foram construídas em mutirão, com amigos e familiares ou empreendimento dos donos. A Associação esteve presente nesse momento, organizou moradores na busca da urbanização do espaço, muitas vezes através de manifestações em frente à prefeitura. Durante esse período o abastecimento de água se dava por meio de caminhão pipa, fornecido pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA-MG).
Com condições precárias, falta de saneamento básico e infraestrutura, muitas crianças faleceram sem os devidos socorros médicos. A comunidade então se mobilizou pela construção do Centro de Saúde no Conjunto, pois o mais próximo era no bairro Ribeiro de Abreu. Houve luta também pela construção das escolas. Os moradores contam que no início sofreram perseguições e discriminação nas escolas dos bairros vizinhos e que tiveram que matricular seus filhos em escolas de difícil acesso. Durante esse período a prefeitura disponibilizou veículos para o transporte das crianças, que estudavam no antigo prédio da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), no Bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul.

Devido às dificuldades enfrentadas, a comunidade e a Associação iniciaram a construção do Centro de Educação, Profissionalização e Assistência Social do Conjunto Paulo VI, atual Centro Social de Apoio à Criança e ao Adolescente, também conhecida como creche Vovó Geralda. Eram somente dois cômodos no antigo depósito dos materiais da construção, que foram sendo ampliados com doações e apoio de comerciantes dos bairros adjacentes. Hoje a creche conta com dois pavimentos e atende a mais de 120 crianças e adolescentes de 06 a 14 anos, além de ser um espaço onde são desenvolvidas diversas ações culturais. Atualmente funciona através de parcerias com grupos privados e públicos.

Na história da comunidade, um destaque especial para a atuação das mulheres e da Igreja Católica, nas mobilizações para a construção do Conjunto. Entrevistados contam que a força feminina conduziu várias ações, até mesmo cavando as valas para a rede de esgoto, quando as máquinas não suportaram subir o morro para realizar o trabalho. A atuação também foi marcante na Capela Nossa Senhora do Rosário, fruto da luta coletiva, e que passou por recente reforma e ornamentação interna e externa feitas em mosaico. No local foi cravada a cruz do Conjunto Paulo VI, marco da vitória na luta pela terra.

Moradores Entrevistados:
– João Coleta, presidente da Associação de Moradores do Conjunto Paulo VI.
– José Silvestre, artesão, morador do Conjunto
– Osmarina Raimunda do Santos Paula, ex-presidente da Associação de Moradores.
– Tereza Pereira da Silva, ex-presidente da Associação de Moradores.

Conjunto Paulo VI
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