Santa Helena (Governador Valadares) População: 10000

De acordo com relatos de moradores antigos, o povoamento do bairro Santa Helena se intensificou no começo da década de cinqüenta do século passado.

De acordo com relatos de moradores antigos, o povoamento do bairro Santa Helena se intensificou no começo da década de cinqüenta do século passado. Este bairro – que atualmente conta com mais de duas mil residências e aproximadamente 10.000 moradores – se formou na região pertencente à família dos Carapinas.

A entrada da fazenda dos Carapinas ficava nas proximidades de onde é atualmente o Supermercado Coelho Diniz, na estradinha do córrego dos Pintos, com acesso através das fazendas do Gil Pacheco e Jota Perez. Vários trabalhadores rurais se destinavam a estas fazendas à procura de emprego. Muitos, no entanto, não alcançavam sucesso. Assim, procuravam formas de ocupação de pequenas propriedades rurais ou, na maioria dos casos, de lotes em áreas periféricas da cidade.

Muitos destes trabalhadores rurais – na grande maioria imigrantes dos roçados e arraiais próximos – começaram a ocupar os bairros que se formavam, dentre ele o de Nossa Senhora das Graças, o morro do Carapina e, em questão, o Santa Helena. Vale destacar que o trânsito de pessoas vindas de outras partes da cidade também era marcante.

Dentre as ruas mais antigas destacam-se Juiz de Fora, Januária, Ituiutaba, Monte Carmelo e Tancredo Neves. Entre os primeiros moradores estão os senhores Geraldo, Zé Flor, Sinvaldo, Zé Teco e Luiz. Dentre as moradoras pioneiras estão as donas Geralda Ferreira da Silva e Maria Madalena Guimarães Pereira.

Um dos primeiros e principais problemas que os primeiros moradores se depararam foi com a falta d’água. Esta questão era parcialmente resolvida através de diversas estratégias. Uma delas eram as longas caminhadas de ida e volta aos chafarizes com latas d’água na cabeça. Os chafarizes das proximidades da Igreja de Nossa Senhora das Graças e do Sarmento, por exemplo, eram alternativas viáveis para obtenção de tão precioso líquido. Depois foram surgindo outras minas. Alguns moradores conseguiram cavar cisternas, que ofereciam água potável durante alguns anos.

A rede de água encanada começou a ser implantada somente no final da década de 1960, com os moradores em mutirão, demonstrando um forte espírito de coletividade, características rememoradas pelos antigos. Entretanto, no início ainda era corriqueiro para os que não tinham acesso a água pedi-la para aqueles poucos que já tinham este “privilégio” em casa. Também era comum as donas de casa lavarem roupa de favor na casa de amigos e parentes.

A energia elétrica chegou quase na mesma época que água, ou seja, na virada da década de 1960 para 1970. Antes a luz não ultrapassava o Nossa Senhora das Graças. O Santa Helena, que era em boa parte uma capoeira, passava a noite ao escuro, iluminado timidamente por lampiões, velas e lamparinas. Alguns moradores ficaram aproximadamente duas décadas sem energia elétrica em casa.

Outro problema que atingia os primeiros moradores era a falta de calçamento, os buracos e lamaçais da maioria das ruas. O calçamento só chegava até a altura do Mergulhão. A prefeitura mandou executar a construção de uma ponte e iniciou o calçamento de algumas vias. Os próprios moradores colaboraram para esta melhoria através da compra de pedras, como é o caso dos moradores da Rua São Lourenço. No entanto, o processo de calçamento somente foi intensificado a partir do início dos anos 2000.

A falta de escadarias também dificultava muito o acesso ao bairro. Atualmente, existem escadas nas partes inclinadas, porém sem os devidos corrimãos.

As casas, nos primórdios do bairro, eram quase todas de pau e barro. Não tinham piso e os fogões eram de lenha. Muitas pessoas caçavam inhambus e outros pássaros e animais nas proximidades da lagoa. Vendia-se leite ao pé da vaca. A quantidade de animais em meio às pessoas era grande. Essa paisagem, no entanto, convivia com problemas como a falta de esgoto. Até hoje os lotes vagos acumulam lixo e água parada, o que aumenta a incidência de dengue e de outras doenças no bairro.

A participação da associação do bairro, apesar de ter tardado um pouco a aparecer, foi bastante importante para as melhorias. Dentre as lideranças destaca-se o Sr. Zezinho, um homem muito religioso. Podemos citar também a Dona Neli e o Cabo Eugênio.

No bairro existem mais de uma dúzia de templos religiosos, sendo duas igrejas católicas, a de Santa Helena e de São José, e igrejas evangélicas diversas. Além disso, há várias congregações, que tal como as igrejas e templos ocupam um importante espaço de socialização e convívio. Existem atualmente mais de uma centena de estabelecimentos de prestação de serviços e alguns comércios varejistas e industriais.

Atualmente fazem bastante falta colégios para atenderem aos alunos do bairro, além de uma capela velório, que já é uma conquista de bairro vizinhos e ainda não se concretizou neste bairro. A creche e o posto de saúde, segundo alguns moradores, precisam ter os serviços ampliados.

Antigamente havia rinha de galo e de canário, práticas que foram gradativamente extintas após o governo do presidente Jânio Quadros, que as proibiu no Brasil.

De acordo com muitos moradores, a arte e a cultura são importantes para a busca e manutenção das tradições, mas atualmente o bairro carece de atividades. Na região merece destaque o bloco que foi criado pelo Zé Galinha e que ganhou status de escola de samba, com o nome de Prudentina. Ficam na memória de alguns moradores as festas de Nilsão e Oriedes, denominadas de Capital e interior, Atlético e Cruzeiro e as “Furrupas”, uma espécie de festividade regada a danças e que tinha vários adeptos.

Um fato curioso é que, diferentemente de outros bairros que mudaram de nome, como o Nossa Senhora das Graças (Bairro do Sapo), o Morro do Carapina (Morro do Cruzeiro) e o São Geraldo (Bairro do lixo), o Santa Helena ainda conserva seu nome originário.

No mais, fica claro que o bairro de Santa Helena apresenta uma rica história, formada por momentos de lutas, de conquistas e expectativas. Destacam-se nestas décadas que se passaram os antigos moradores, que a partir de muito esforço e dedicação ajudaram na construção de um bairro melhor, e que atualmente abriga milhares de moradores da cidade de Governador Valadares.

Calendário

Festa Mês Dia Local
Barraquinhas Maio Avenida Dr. Raimundo Albergaria – Igreja Santa Hel
Festa da Padroeira Santa Helena Agosto 18 Avenida Dr. Raimundo Albergaria – Igreja Santa Hel
Festa de Aniversário Abril Igreja Batista Boas Novas
Festa Junina / Julina Junho Avenida Dr. Raimundo Albergaria
Santa Helena (Governador Valadares)
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Artistas

A pesquisa realizada pela equipe da Favela é Isso Aí, em parceria com o Núcleo Cidade Futuro e correspondentes bolsistas da comunidade revelou que existem pelo menos 49 artistas-solo e grupos culturais no bairro Santa Helena, que envolvem em suas atividades aproximadamente 220 pessoas. A maior parte da produção artística é do Artesanato, com 24 cadastros (49%) na comunidade. Em segundo lugar vem a área da Música, com 15 cadastros (30,6%). Em terceiro está a área da Dança, com oito cadastros (16,3%). Foram também cadastrados um artista/grupo cultural da área de Teatro e um da área das Artes Plásticas. A maior necessidade relatada pelos cadastrados é a de recursos materiais e financeiros para produção do trabalho artístico, citada por 21 artistas (42,8%). Seis deles (12,2%) disseram ter necessidade de espaço para produzir, ensaiar, expor e/ou apresentar seu trabalho e um deles disse ter necessidade de divulgação de seu trabalho.