Mapeamento do funk na Zona Leste População: 51706

Nos últimos anos, o Favela é Isso Aí vem desenvolvendo o Projeto Banco da Memória, já tendo atendido a mais de 50 comunidades em Belo Horizonte e interior do Estado. Esse projeto tem como objetivo geral registrar e divulgar a arte e a cultura das comunidades, mostrando a cara da favela na internet e em outros produtos, como é o caso desse jornal.

Nos últimos anos, o Favela é Isso Aí vem desenvolvendo o Projeto Banco da Memória, já tendo atendido a mais de 50 comunidades em Belo Horizonte e interior do Estado. Esse projeto tem como objetivo geral registrar e divulgar a arte e a cultura das comunidades, mostrando a cara da favela na internet e em outros produtos, como é o caso desse jornal.

Em 2010, a ong aprovou um projeto junto ao Fundo Estadual de Cultura – FEC, que levou as ações do Banco da Memória para duas escolas públicas de Belo Horizonte, através do Projeto Núcleo de Cidades.
Esse projeto, inicialmente pensado para ser desenvolvido junto ao Plug Minas, busca capacitar jovens alunos das escolas para produzir e apresentar conteúdos culturais, contribuindo para um novo olhar sobre as comunidades onde residem e seu lugar no mundo.

As principais ações desenvolvidas foram:
– escolha das comunidades e dos temas para a pesquisa;
– capacitação dos jovens, em processo, em ações e metodologias de pesquisa cultural, diagnóstico, fotografia, produção de texto e vídeo;
– produção de uma página na internet para cada comunidade pesquisada;
– produção de um jornal impresso para cada escola parceira, com os dados das comunidades pesquisadas;
– produção de um documentário para cada comunidade, junto com os jovens das escolas;
– formatura e realização de evento final com as turmas envolvidas.

As comunidades escolhidas para o trabalho foram o Conjunto Paulo VI, na regional Nordeste da Capital, e o aglomerado formado pelas comunidades do Alto Vera Cruz, Taquaril e Granja de Freitas, na regional Leste.

Na região leste, a equipe da ONG Favela é Isso Aí realizou o trabalho com os alunos da turma 5º ano B, da Escola Estadual Engenheiro Prado Lopes. A turma, multisseriada, é composta por jovens com idades entre 11 e 15 anos. O grupo discutiu sobre a diversidade cultural da comunidade e escolheu a música funk como tema a ser pesquisado na região.

A partir de então, o grupo partiu para a gravação de um documentário, dentro da oficina oferecida pelo Favela é Isso Aí. Além do registro em vídeo digital, os alunos tiveram contato com a fotografia, registrando a comunidade e realizando a cobertura de todo o projeto e da oficina.

Em paralelo, foi feita pesquisa de campo em toda a região, mapeando a cena Funk nas comunidades do Alto Vera Cruz, Granja de Freitas e Taquaril. Nessa pesquisa foram cadastrados 23 artistas que cantam funk e sete grupos de dança. No total, são 97 pessoas envolvidas no movimento funk na região.

CONHEÇA A ESCOLA PARCEIRA
A escola escolhida para a parceria no projeto, a Escola Estadual Engenheiro Prado Lopes, está localizada à Rua Itaguá, 320 Bairro Alto Vera Cruz e atende alunos das comunidades do Alto Vera Cruz, Taquaril, Caetano Furquim, Granja de Freitas e Cruzeirinho.

Teve suas atividades iniciadas em 15 de abril de 1963 e sua licença para funcionamento foi publicada no jornal Minas Gerais em 02 de julho daquele ano, com a denominação de Escolas Reunidas Caetano Furquim. Seu nome foi alterado para a designação atual em 25 de maio de 1964, em homenagem ao centenário de Antônio do Prado Lopes, engenheiro que recebeu concessão para explorar o local onde hoje é a Pedreira Prado Lopes, retirando pedras e usando-as na edificação das ruas e casas de Belo Horizonte no século XIX.

Na época de sua fundação, a escola ocupava o espaço de uma pequena casa, ao lado da edificação atual, em um momento que o bairro ainda encontrava em processo de formação e implementação de infraestrutura, dificultando inclusive o acesso dos alunos à escola.

Em 01 de junho de 1966 foi transformada em Grupo Escolar Engenheiro Prado Lopes e em 06 de julho de 1974 foi transformada em Escola Estadual Engenheiro Prado Lopes e então transferida para seu endereço atual.

Segundo a atual supervisora da escola, Ivone Aparecida da Cruz, umas das funcionárias mais antigas da instituição, a situação atual é muito melhor, em termos de acesso e também de qualidade e estrutura da escola. Entretanto, muita coisa ainda tem que melhorar, especialmente no que se refere à estrutura para lazer.

Ao lado da escola há um campo de futebol, chamado Riviera, também conhecido como campo do Cruzeirinho. É nesse local que os alunos passam os momentos fora da escola, sendo o único equipamento de lazer da região, além de um parque com alguns brinquedos que já não tem boas qualidades de uso.

Alto Vera Cruz

A região conhecida como Alto Vera Cruz (AVC) possui urbanização relativamente recente, pois até a década de 1950 era composta por uma área de mineração e outra formada de fazendas, com perfil rural. Segundo entrevistados, a região era repleta de animais silvestres e árvores de cerrado. Com o passar do tempo, a paisagem rural deu lugar a ruas, becos e domicílios.

Dois córregos cortavam a região: o Jequitinhonha e o Santa Terezinha. O primeiro foi o pivô de uma das primeiras lutas da comunidade: a construção de uma ponte sobre o córrego, que permitiria o acesso de veículos à vila. Os dois córregos eram usados para o lazer e limpeza das roupas dos moradores, sendo o Santa Terezinha, utilizado também para o abastecimento de água.

No passado, a área do Alto Vera Cruz era formada por antigas fazendas, de propriedade das famílias Necésio Tavares, Marçola e Jonas Veiga. Parte destas foi vendida à Companhia Mineira de terrenos e Construções S.A (Comiteco). Esta, logo em seguida, passou uma parte à Companhia mineradora de Belo Horizonte (Ferrobel), a qual tinha a função de urbanizar a área. Contudo a urbanização não saiu do projeto, e o que ficou foi um cenário degradado ambientalmente, buracos e uma dívida da Comiteco com o antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAPs), atual INSS. A área antes conhecida como Alto dos Minérios ou Flamengo (primeiro nome do Alto), foi repassada (em torno de 600 lotes) ao INSS, a fim de cobrir a dívida da Comiteco. Esta área também era conhecida como o antigo Parque Vera Cruz.

Após o término da mineração, período próximo a 1950, iniciou-se a ocupação da área, pelos próprios trabalhadores, não tendo nenhuma infraestrutura, inclusive saneamento básico. Contudo, é na próxima década (1960), que a ocupação do espaço se intensifica, principalmente com trabalhadores da construção civil.

Desde o inicio de sua ocupação o AVC se destaca na cena cultural. Hoje com representantes de peso na cultura mineira, como Negros da Unidade Consciente (NUC), Renegado, Meninas de Sinhá, a música e a dança sempre estiveram presente no cotidiano da comunidade. Segundo depoimentos, havia uma antiga gafieira, muito freqüentada pelos moradores, na esquina da Rua Desembargador Bráulio com General Osório. O congado, sanfoneiros e violeiros também eram comuns no bairro, além da sede do Sr. Francisco Português, que entretinha a todos com forrós e outros ritmos. Figura importante dessa história é o Sr. Antônio Felipe, que com seu auto-falante despertava os residentes, todos os dias às 5h, tendo a Ave Maria como trilha.

Na década de 1960 é constituída a 1ª Associação de moradores, com o nome de Obra Social João XXIII, presidida pelos senhores Sebastião Patrício, Antenor e João Pereira. No AVC as mulheres foram peças fundamentais nos movimentos populares, sendo elas força motriz e lideres nas lutas por melhorias.
Estes movimentos, nos anos 60, foram o marco inicial na implementação dos processos de urbanização, como a construção de escolas e a instalação da rede elétrica. Nas décadas seguintes (70, 80, 90) o fortalecimento das lideranças regionais e a adesão de outros grupos às causas leva o AVC a uma grande reivindicação por moradia, cidadania e direitos humanos. As ações, acompanhadas da expansão populacional, levaram ao surgimento de outras duas comunidades: o Conjunto Taquaril e o Granja de Freitas.

Conjunto Taquaril

O Conjunto Taquaril teve sua ocupação iniciada em 1981, numa área que pertencia a CODEURB – Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado de Minas Gerais e parcelada em sítios. Segundo o Plano Global da Urbel, o Conjunto Taquaril é dividido em 14 setores, sendo parte do setor 12 e os setores 13 e 14 pertencentes ao Castanheiras, município de Sabará.

Segundo moradores mais antigos da comunidade, por volta de 1984, através do CAC-VC – Centro de Ação Comunitária Vera Cruz, iniciou-se um grande movimento de luta pela moradia no Alto Vera Cruz, na época organizado por Paulo Augusto dos Santos, hoje vereador, conhecido como Paulão. Este movimento reuniu cerca de oito mil famílias, vindas de todas as regiões de Belo Horizonte. Foram meses de luta, em que o grupo ia a pé do Alto Vera Cruz até as portas da Prefeitura Municipal ou até o Palácio da Liberdade. Líderes comunitários contam que durante estas caminhadas ocorreram repressões dos policiais e sofrimento.

Em 1987, a Prefeitura de Belo Horizonte, após a reivindicação do movimento dos “sem casa”, parcelou novamente a área dos sítios do terreno da extinta CODEURB em lotes de 150m2 para atender a mais ou menos duas mil famílias. Segundo Sr. Oswaldo Lopes Pedroso, as famílias precisavam construir suas casas e se mudarem num prazo de apenas três meses, daí os moradores organizaram grupos de capina para limparem os terrenos. Nesta época foi fundado o Centro Comunitário Pró-Construção e Desenvolvimento do Taquaril, tendo à frente Josefina Ana da Silveira Lopes, a Jô.

Segundo Jô, que gosta e tem um carinho especial pelo lugar onde mora, “o Taquaril foi construído pelas mulheres, pois os homens iam trabalhar e as mulheres ficavam no bairro trabalhando na construção das casas”. Depois de muita luta, os moradores foram conquistando os serviços básicos como redes de água, saneamento, escolas públicas e postos de saúde.

Posteriormente, a área do conjunto Taquaril cresceu desordenadamente, com ocupações em áreas verdes, margens de córregos, consideradas áreas de risco geológico eminente. Com isso, há projetos para reurbanização do conjunto, que vão implicar na remoção de famílias e melhorias de infraesturura.

Granja de Freitas

O Granja de Freitas faz limite com o Conjunto Taquaril, com o município de Sabará, com os bairros Alto Vera Cruz e Saudade e com o ribeirão Arrudas.

Segundo José Lino, líder comunitário da associação do bairro, um grupo de cerca de 800 moradores do bairro Tupi fez uma manifestação em Brasília, reivindicando a terra para a construção das moradias. Foram então construídas inicialmente 80 casas, em 1997, sendo o primeiro conjunto chamado de 29 de junho, data de sua inauguração. Como este número de casas não atendeu a todas as famílias, algumas foram assentadas em outros bairros da cidade, como o Serra Verde.

A liderança conta que no inicio não havia luz e que a água era fornecida por um caminhão pipa, uma vez por dia, ou os moradores tinham que buscar água numa bica próxima.

Em 2001 foi inaugurado o Granja de Freitas II, com 544 unidades, e mudado o nome do primeiro conjunto para Granja de Freitas I. O terceiro conjunto a ser criado foi o Conjunto Granja de Freitas III, denominado Residencial Jardim das Orquídeas, inaugurado também em 2001, com 146 unidades habitacionais. O Conjunto Granja de Freitas IV, por sua vez, foi inaugurado em 2004. Atualmente, estes conjuntos habitacionais formam todo o bairro Granja de Freitas.

MAPEAMENTO DO FUNK NA ZONA LESTE
MAPEAMENTO DO FUNK NA ZONA LESTE
MAPEAMENTO DO FUNK NA ZONA LESTE
MAPEAMENTO DO FUNK NA ZONA LESTE
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