Morro São José – Morro do Querosene População: 1

O sopé da vertente do Morro São José começou a ser ocupado em 1943, época em que ocorreu um grande desenvolvimento urbano na capital. A área, localizada na região centro-sul começou a receber moradores da vizinha favela da Barroca, uma das mais antigas da cidade e que sofria um processo de urbanização em larga escala.

O sopé da vertente do Morro São José começou a ser ocupado em 1943, época em que ocorreu um grande desenvolvimento urbano na capital. A área, localizada na região centro-sul começou a receber moradores da vizinha favela da Barroca, uma das mais antigas da cidade e que sofria um processo de urbanização em larga escala. As informações acima foram levantadas durante o estudo acadêmico realizado por Hiroshi Watanabe e Welber da Silva Braga, intitulado “Morro do Querosene – alguns aspectos da formação de uma favela”, publicado em 1960, através do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia da Universidade de Minas Gerais.

As famílias começaram a ocupar a região mais baixa do terreno no Morro São José e, de acordo com os moradores mais antigos, a área pertencia à Prefeitura de Belo Horizonte. Com os novos moradores vindos das zonas intermediárias entre Barroca e Gutierrez iniciou-se em 1956 e 1957 a ocupação do topo do Morro de São José, processo que se acelerou em 1958.

Por desconhecimento, a população residente no local extrapolou o limite do terreno da prefeitura e adentrou outro, de propriedade Exército Brasileiro. Quando as autoridades ficaram cientes deste fato, tomaram providências com o objetivo de desocupar a área, cuja finalidade seria abrigar a construção de um clube de oficiais e um sítio para exercícios e demonstrações militares. Ao final do ano de 1958, já com as obras bastante adiantadas, o exército instituiu patrulhamento armado para impedir a entrada de novos moradores, iniciou a negociação para desocupação com os já residentes e ordenou o levantamento topográfico e demarcação de sua área.

A medida de impedir a entrada de novos moradores foi tomada também pela própria comunidade através de um movimento de caráter geral, difundido na época em outras favelas de Belo Horizonte, sob a denominação comum de Associações de Defesa Coletiva – ADC, criadas com a finalidade de proteger os moradores contra qualquer ação que colocasse em risco, sobretudo a segurança residencial. A ADC do Morro do Querosene foi criada pela comunidade habitante da parte pertencente à prefeitura, pouco antes das medidas coercitivas tomadas pelo Exército, em parceria com Padre Agnaldo Leal, que ficou conhecido pelos seus trabalhos sociais neste segmento. A ADC do Morro do Querosene buscava impedir a crescente expulsão dos moradores, que se dava em ritmo vertiginoso, devido à expansão da Cidade Jardim.

De acordo com os mais antigos, moradores da área do exército não participaram da fundação desta associação, porque, na época, sentiam-se seguros por acreditarem que o terreno que habitavam era da prefeitura e não mantinham boas relações com a outra parte envolvida na questão. As divergências aconteciam por vários aspectos: quando o morro começou a ser ocupado pelos primeiros grupos vindos da Barroca, antes sequer de se imaginar que aqueles terrenos se transformariam no bairro Cidade Jardim, nas partes quase planas do sopé se estabeleceram os moradores de maiores posses, alguns dos quais puderam adquirir ali pequenas chácaras; já nas encostas, construíram suas casas os habitantes com menores condições financeiras. Além disso, entre esses moradores da baixada havia uma grande concentração de descendentes de italianos, enquanto a população da encosta era majoritariamente formada por afro-descendentes e nesse contexto o preconceito racial ocorria de maneira recíproca.

O nome Morro do Querosene é explicado por moradores mais antigos em duas versões: a primeira relata que houve um incêndio, em 1947, num barraco de madeira onde residia um casal. O incêndio foi provocado por uma lamparina que teria caído junto à cama de madeira, onde havia panos. O fogo se alastrou e os proprietários do barraco morreram carbonizados. A segunda história conta que no tempo do surgimento da favela, havia um tipo de cachaça que era misturada a uma pequena quantidade de querosene, para obter um sabor amargo e intenso.

Segundo Aureni Pereira da Silva, atual presidente da Associação dos Moradores da Vila Monte São José, a entidade foi fundada em 1985 sob a presidência de Gestal Moreira, que foi a primeira liderança comunitária a lutar por melhorias na qualidade de vida para os moradores. A luta incluiu a busca pela implantação das redes de água, luz e esgoto. Hoje, em saneamento, a Vila é atendida em 99% pelo Poder Público.

Como área de lazer, a Vila Monte São José dispõe somente de uma quadra de areia, dessa forma, a Associação de Moradores aponta a necessidade da construção de outros espaços para suprir essa demanda. Existe ainda a necessidade de incrementar os investimentos na área da saúde, através da construção de outro equipamento para otimizar o atendimento prestado à comunidade pelo Centro de Saúde Tia Márcia e minimizar o deslocamento dos pacientes até o local.

Calendário

Festa Mês Dia Local
Fest Rap Janeiro Rua Assembléia
Festa Junina Junho Rua Assembléia
Natal Dezembro Beco dos Coqueiros

Morro São José - Morro do Querosene
Morro São José - Morro do Querosene
Morro São José - Morro do Querosene
Morro São José - Morro do Querosene
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Morro São José - Morro do Querosene
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Artistas

A pesquisa realizada pela equipe da ONG Favela é Isso Aí e correspondentes bolsistas da comunidade revelou que a Vila Monte São José/Morro do Querosene tem pelo menos 17 artistas solos e grupos culturais. A maior parte da produção artística é na área da música, somando 06 cadastros (35,29%). Em segundo lugar está a dança com 05 cadastros (29,41%). Em terceiro a área do artesanato representada por 04 cadastrados (23,52%) cada na comunidade. Teatro e artes plásticas têm um (5,88%) representante cada uma. A maior necessidade relatada é a de recursos materiais e financeiros para produção do trabalho artístico, citada por 100 dos artistas. Sete (41,17%) disseram ter necessidade de divulgação de seu trabalho e 10 (58,82%) disseram ter necessidade de espaço para produzir, ensaiar, expor e/ou apresentar seu trabalho.