Nossa Senhora das Graças (Governador Valadares) População: 1

O Bairro Nossa Senhora das Graças é um dos mais antigos de Governador Valadares. Antigamente era chamado de bairro do Sapo, em função da grande quantidade destes anfíbios que viviam em uma lagoa que se localizava próxima à serraria do senhor Ladislau Polonês.

O Bairro Nossa Senhora das Graças é um dos mais antigos de Governador Valadares. Antigamente era chamado de bairro do Sapo, em função da grande quantidade destes anfíbios que viviam em uma lagoa que se localizava próxima à serraria do senhor Ladislau Polonês. Relatos apontam que ocorreu participação direta de norteamericanos – que chegaram a Governador Valadares atraídos pela mineração de mica – no aterro do local, criando condições básicas para o desenvolvimento do bairro. A mudança do nome do bairro ocorreu devido à construção de uma igrejinha católica, dedicada a Nossa Senhora das Graças.

O local onde se formou o bairro era uma antiga fazenda da Família Carapina que, de acordo com alguns informantes, foi vendida para uma empresa que tinha vultosos negócios no ramo de madeireira, pecuária e imobiliária. Em uma parte do bairro, onde é o posto da Grã Duquesa, existia um imenso areal, com uma cancela por onde passava o gado.

A forma de ocupação principal do bairro foi via compra de lotes, através da empresa proprietária ou de outros vendedores indiretos. Interessante notar que, apesar de ser vizinho do centro, o Nossa Senhora das Graças demonstra um traçado bem diferente da região central de Governador Valadares, apresentando em boa parte de seus limites quarteirões com formatos irregulares e várias ruas estreitas. Percebe-se, além disso, que a ocupação do bairro ocorreu de forma gradativa, se tornando mais notável a partir da década de 1950 e, ainda, o desenvolvimento de sua infraestrutura incidiu de forma lenta e nem sempre eficaz.

Os relatos de moradores antigos contam que no início dos anos cinqüenta existiam poucas casas no local. O que predominava era um imenso pasto enlameado. Por sinal, a prática da pecuária leiteira era presente neste período de formação do bairro. Com a intensificação do loteamento, a situação melhorou um pouco.

Os primeiros moradores chegavam principalmente do interior mineiro, de cidades como Peçanha, Malacacheta, Poté, Aimorés e outras. Geralmente estas pessoas compravam os lotes a preços relativamente baixos, se comparados a outros lugares da cidade.

No entanto, a construção das moradias era muito precária. Primeiro devido ao elevado preço dos materiais de construção. Segundo em função do difícil transporte dos mesmos. No bairro ainda não existiam lojas do ramo, por isso o material de construção vinha da região central, chegando de automóvel e de carroça. Informantes relembraram que quando chovia os automóveis somente circulavam com correntes nas rodas.

A situação melhorou um pouco com a implantação da linha férrea no início da década de 1950. Os trilhos se limitavam até onde atualmente é o fórum, na Rua Prudente de Morais, depois eles subiram a Rua São Paulo, até alcançar o Nossa Senhora das Graças, perto da antiga fábrica de manteiga. Estas melhorias ajudaram no fornecimento de material de construção e conseqüente desenvolvimento do bairro.

O calçamento não ultrapassava os limites da Rua 7 de Setembro. De forma gradativa, ele chegou à região do Hotel Indaiá, na Avenida Minas Gerais, aonde se localizavam famílias com renda melhor. A partir deste momento, o calçamento se espalhou timidamente pelo bairro ao longo de vários mandatos municipais, com destaque para o início da década de oitenta. Atualmente o calçamento está presente em aproximadamente 76% do bairro. Vale lembrar que anteriormente a esta etapa de implantação do calçamento foi preciso abrir as ruas sendo que, inicialmente, existiam apenas a Avenida Minas Gerais e algumas outras poucas ruas.

Segundo moradores antigos, também ocorreram alagamentos que obrigaram algumas pessoas a circularem até mesmo de canoas. Outro problema relembrado por esses moradores era a falta de rede de esgoto. Na avenida tinha uma vala a céu aberto que, além de ser foco de mosquitos, era muito perigosa, pois pessoas e animais de montaria caiam dentro dela. No início da década de 1980 foi construída uma rede pluvial que resolveu esta questão.

O abastecimento de água também era bastante complicado durante o início da ocupação. Primeiro vieram os chafarizes, que inclusive serviam a outros bairros e, por isso, faziam com que se formassem filas enormes, gerando alguns conflitos. No início da década de 1950 o SESP (Serviço Especial de Saúde Pública) se uniu a prefeitura para a implantação do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto). No entanto, a água encanada demorou alguns anos para chegar até o Nossa Senhora da Graças. Segundo dados da Prefeitura, atualmente mais de 99% do bairro têm água encanada. A rede de esgoto, por sua vez, atende a aproximadamente 95% do bairro.

A energia elétrica também tardou a ser implantada. De acordo com alguns informantes, o início deste serviço na região corresponde à virada da década de 1950 a 1960, época em já existia uma quantidade considerável de moradores no bairro. Tal como a água e o calçamento, a energia elétrica foi implantada de forma gradual até alcançar, na atualidade, a quase totalidade da área.

Segundo moradores antigos, boa parte da melhoria da infraestrutura do bairro ocorreu durante a prefeitura de Raimundo Albergaria. Segundos estes informantes, a família Albergaria residia no bairro e por isso, quando prefeito, este político voltou suas ações para a melhoria do Nossa Senhora das Graças. Por sinal, os relatos apontam que os Albergarias foram os primeiros líderes a lutarem de forma mais intensa pelo melhoramento do bairro e, por isso, tinham bastante legitimidade perante a população.

Dentre os primeiros comerciantes se destacam o Sr. Jorge e o Sr. Zé Lourenço, proprietários de antigos armazéns, além do Sr. Pedro, dono da farmácia e do Sr. Sebastião, dono do açougue. É interessante notar que, apesar da grande diversidade de profissionais encontrados no bairro – sem levar em consideração os muitos trabalhadores informais e os desempregados, em função da falta de oportunidades na cidade – muitos moradores antigos, tal como o Sr. José Ferreira, trabalhavam para a Companhia Vale do Rio Doce, na época uma empresa estatal.

Dentre os locais de socialização do bairro se destacam a tradicional feirinha, que funciona às terças-feiras, e as igrejas e templos do bairro. A igreja mais antiga é aquela que dá nome à comunidade: a de Nossa Senhora das Graças.

No início de formação do bairro existia uma capelinha, que, posteriormente, foi substituída por uma igreja maior, a atual. A capelinha foi construída onde se localizava a antiga selaria de Eloi Almeida, com recursos advindos, sobretudo, de leilões. Os principais responsáveis pela empreitada foram o próprio Eloi, o seu genro Divino Fernandes e o Sr. Quim Campos do Amaral, além dos poucos moradores que viviam no arredor.

A igreja de Nossa Senhora das Graças, além de ser um espaço tradicional de convívio social, também se destaca em função de sua referência geográfica dentro do bairro. Antes, quando ainda existia a fazenda dos Carapinas, os limites do bairro se davam até as adjacências da igreja. As barraquinhas, as festas juninas e os leilões promovidos pela igreja também deixam lembranças na memória coletiva.

Por fim, depois de tantas mudanças e melhorias, os moradores, de forma geral, demonstram uma grande satisfação em morar ali, principalmente em função de sua boa localização dentro da cidade e por ter uma infraestrutura adequada para a grande maioria dos moradores. Atualmente a população do bairro gira em torno de mais de uma dúzia de milhares de pessoas. Alguns costumes antigos, como preparar chás e remédios naturais com plantas como algodão, arnica, boldo e outros, ainda permeiam este tradicional e memorável bairro de Governador Valadares.

Calendário

Festa Mês Dia Local
Barraquinhas Maio Igreja Nossa Senhora das Graças
Barraquinhas Novembro Igreja Nossa Senhora das Graças
Festa Junina Junho Rua Caratinga
Festa Nossa Senhora do Perpétuo Socorro Julho Igreja Nossa Senhora das Graças
Nossa Senhora das Graças (Governador Valadares)
Nossa Senhora das Graças (Governador Valadares)
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Artistas

Perfil cultural A pesquisa realizada pela equipe da ONG Favela é Isso Aí, em parceria com o Núcleo Cidade Futuro e correspondentes bolsistas da comunidade revelou que existem pelo menos 32 artistas-solo e grupos culturais no bairro Nossa Senhora das Graças, que envolvem em suas atividades aproximadamente 107 pessoas. A maior parte da produção artística é na área do Artesanato, somando 14 cadastros (43,7%). Em segundo lugar está a área da Música com 11 cadastros (34,4%) na comunidade. Em terceiro lugar vem a área das Artes Plásticas, com três cadastros (9,4%). Foram também cadastrados dois artistas da área da literatura, um da Dança e um do Teatro. A maior necessidade relatada por eles é a de recursos materiais e financeiros para produção do trabalho artístico, opinião esta expressa por 11 dos artistas entrevistados (34,37%). Cinco deles (25,62%) disseram ter necessidade de espaço para produzir, ensaiar, expor e/ou apresentar seu trabalho.