Centro-Oeste Minas Gerais

No contexto do projeto Mostra da Diversidade Cultural Imagens da Cultura Popular uma das regiões que recebeu a pesquisa de campo foi a REGIÃO CENTRO-OESTE de Minas Gerais, que tem como principais polos regionais as cidades de Divinópolis, Pará de Minas e Nova Serrana. Dentro desta região, o projeto focou nas cidades de Abaeté, Bom Despacho, Dores do Indaiá, Martinho Campos e Quartel Geral, cujas principais características estão apresentadas a seguir.

Abaeté recebeu seu nome dos primeiros habitantes na região, os índios abaetés, etnia que foi dizimada no final do século XVIII em decorrência dos conflitos com garimpeiros que se fixaram na região em buscas das jazidas de diamantes. Nos dias atuais, a cidade conta com cerca de 23.237 habitantes, segundo estimativa do IBGE para 2019, e vive da agropecuária, principalmente.

Em relação a suas principais manifestações culturais realça a tradição das quadrilhas juninas, que mobilizam a cidade desde sua organização até a apresentação dos festejos. Outra manifestação de destaque é o Congado, ligado à herança da população negra escravizada e à devoção a Nossa Senhora do Rosário, que apresenta várias guardas na cidade. A Folia de Reis também merece destaque, assim como a Capoeira. Além destas, várias manifestações artísticas foram encontradas na pesquisa, entre as quais aulas e oficinas de música; teatro e palhaçaria.

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Já a cidade de Bom Despacho, segundo o IBGE, tem população estimada de 50.605 habitantes para 2019. Bom Despacho apresenta vasta área rural. Além do distrito-sede, o município conta com o distrito de Engenho do Ribeiro e várias pequenas povoações que chegam a distar até cerca de 30 km da sede. Destacam as comunidades Quilombola Ana Rosa e Quenta Sol.

Atualmente a cidade de Bom Despacho conta com os seguintes bens tombados e/ou registrados: Árvores da Amazônia; Conjunto Arquitetônico Urbanístico e Paisagístico Vila Militar; a Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário; a Fonte da Biquinha; a igaçaba “Urna Funerária”; a Igreja da Matriz de Nossa Senhora do Bom Despacho; a Locomotiva a vapor nº325 – Maria Fumaça; a Paineira da Santa Casa; a Praça Olegário Maciel, antiga Praça da Estação, bem como sua amurada, escadaria, equipamentos urbanos, jardins e árvores; o Quadro “A Matriz de Bom Despacho”; e a Roda de Capoeira e/ou Ofício de Mestre da Capoeira.

Merece destaque a Festa do Reinado, celebração vinculada à imagem de quatro santos: Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora das Mercês, São Benedito e Santa Efigênia. Na cidade, registramos seis cortes: 1) os moçambiques, que representam os povos escravos da senzala e se vestem de forma modesta, com cores brancas e se utilizam de instrumentos artesanais; 2) o penacho, que presenta os povos indígenas que abriam as matas para os escravos em tempos de fuga e se utilizam de cocais, saiotes e instrumentos de danças típicas; 3) Catupé, que representa os negros miscigenados com indígenas – os caboclos – que se refugiavam nos quilombos; apresentam danças específicas como a trança-fitas e tem a tarefa de divertir o público com cantos alegres; 4) os marinheiros, que representam os negros escravos nas embarcações utilizando-se de grandes tambores, roupas brancas, quepes, cordões e trazem conchas; em Bom Despacho são os guardiões da imagem de Nossa Senhora das Mercês; 5) vilão, representa os escravos escolhidos para servir diretamente aos senhores, utilizando-se de fitas coloridas e facas; simulam combates travados pelos negros e são aqueles que abrem os caminhos para passar a imagem de Nossa Senhora; 6) congo, representa os povos escravizados vindos do congo, influenciados pelos hábitos europeus, assim, vestem roupas mais coloridas, trajando lenços no pescoço e chapéu; o ritmo de sua música é mais acelerado, as danças mais vibrantes, os instrumentos mais sofisticados como cavaquinhos, pandeiros, sanfonas, bandolins e mandolins.

Assim como em outras cidades de Minas Gerais, o artesanato se faz presente em Bom Despacho. A cidade possui também algumas instituições ativas, como é o caso do Grupo Margaridas, vinculado à família Couto e que realiza apresentações musicais; do Coletivo Desarte, que procura incentivar artistas locais, bem como ensinar arte e expô-la em locais públicos; da Academia Bom Despachense de Letras, que busca incentivar a leitura e a produção de livros de escritores locais; e da Comunidade Quilombola Carrapatos de Tabatinga.

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A terceira localidade visitada pela pesquisa foi Dores Do Indaiá, que, segundo o censo demográfico de 2010, tem população de 13.778 habitantes. Segundo o IBGE, os primeiros habitantes da região foram os índios tapuias, posteriormente expulsos pela formação de quilombos na localidade.

A cidade de Dores do Indaiá possui diversos bens tombados e/ou registrados como a Escola Estadual Doutor Zacarias; a Estação Ferroviária Dores do Indaiá; a Festa de Nossa Senhora do Rosário; a Praça Alexandre Lacerda Filho; o prédio da Escola Estadual Francisco Campos; a Prefeitura Municipal; o Quadro de pintura a óleo de Francisco Campos; a Roda de Capoeira e/ou Ofício de Mestre da Capoeira; a Santa Casa de Misericórdia de Dores do Indaiá; e o Seminário São Rafael.

Destacam-se variadas manifestações culturais, como é o caso da Festa do Reinado, com várias guardas de Congado, que existem na região há cerca de 187 anos, antes mesmo da criação da cidade, que conta com 134 anos. Interessante notar que em Dores, ao contrário de muitas outras localidades, a população busca manter as práticas de acordo com a tradição popular, evitando a incorporação de elementos exógenos – como é o caso dos “shows”.

A Folia de Reis em Dores do Indaiá também é muito importante, que se confunde à Folia do Nascimento, que ocorre no dia 25 de dezembro, representando o nascimento de Cristo.

Os costumes sertanejos são importantes na cidade, alguns mantidos desde o período colonial, como a música “caipira”, com viola e a sanfona; as cavalgadas; as refeições inventadas pelos bandeirantes – com arroz, carne seca e sal, feijão com pedaços de peles de outros animais (geralmente de porco) e carne assada no fogo de chão.

Destaca-se a festa da Queima do Alho, que desde 2009 realiza a competição entre as cozinhas: vence quem prepara mais depressa a melhor refeição ao estilo dos tropeiros, respeitando seu modo de preparo.

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O município de Martinho Campos tem como principal atividade econômica a agropecuária, mas vem crescendo a atividade de plantio de eucalipto, através da empresa ArcelorMittal Bioflorestas. Segundo dados do IBGE de 2010, a cidade de Martinho Campos contava com 12.611 habitantes e a estimativa para o ano de 2019 é que este número seria de 13.388 martinho-campenses.

Na pesquisa de campo pode-se perceber que Martinho Campos é uma cidade marcada pela presença da tradição oral da cultura popular, cultivando saberes sobre suas tradições e festividades religiosas, entre as quais se destacam as Folias de Reis, a Festa da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Abadia, a Festa do Divino, as Festas Juninas, a Festa de São Vicente de Paula e as comemorações da Semana Santa.

A cidade possui ainda uma variedade de manifestações artesanais, culturais e artísticas, como Associação dos Artesãos Coisas D’abadia, Grupo de Catira; Banda Lira Santa Cecília; Orquestra Abadiense de Viola Caipira; Banda de Fanfarra Bandulino; Grupo de Palhaços Sorriso Feliz; Folias de Reis – Folia Estrela do Oriente e Rosa Branca; Grupo de Capoeira Afro-Brasil; festas juninas e quermesses que acontecem em junho/julho.

Entre os diferentes saberes e tradições existentes na história de Martinhos Campos a trajetória do povo Kaxixó se destaca por sua ancestral presença na região e luta pela preservação de sua tradição e costumes de seu povo. Uma tradição que está em riscos de desaparecer na comunidade é o artesanato com trançado em palhas de coco indaiá.

A Viola Caipira também tem presença e importância em Martinho Campos, o que permitiu a formação da Associação Cultural Violeiros da Abadia e da Orquestra Abadiense de Viola Caipira. Na música, destaque para a Lira Santa Cecília, fundada em 10 de maio de 1944. O artesanato também está presente em Martinho Campos, especialmente com temática religiosa, como a festa da Nossa Senhora da Abadia, tombada como patrimônio imaterial do município.

Por fim, a pesquisa visitou a cidade de Quartel Geral, com população estimada de 3.563 habitantes em 2019.

As principais manifestações encontradas na cidade foram a capoeira e o uso de plantas medicinais, a tradicional medicina popular. São relevamtes aimda: a Festa do Divino Espírito Santo; a Congada; a Fanfarra; a Folia de reis; grupo de teatro; Festa dos carros de boi; Cavalgada; o Artesanato e a Culinária.

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Territórios e manifestações

Conheça aqui o resultado das pesquisas realizadas e o perfil de cada um dos territórios trabalhados pelo projeto:

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