PAC – um divisor de águas na história das vilas e favelas

Quarenta e três municípios mineiros, entre eles vários da região metropolitana, são contemplados pelo PAC – Programa de Aceleração de Crescimento, desenvolvido pelo governo federal. Agora em abril, o presidente Lula esteve em Minas Gerais, assinando convênios em Belo Horizonte e ordens de serviço em Ribeirão das Neves. Muitos especialistas avaliam que o PAC é um divisor de águas na história da periferia, a começar pela reestruturação física com reflexos econômicos e sociais. É justamente essa a proposta do programa: uma ação integrada entre o setor urbanístico e social. O objetivo é tornar os espaços mais dinâmicos, democráticos e socialmente desenvolvidos. Com as intervenções, as comunidades perdem a configuração visual dos barracos e são reorganizadas em prédios, alterando a relação das pessoas com o espaço. Os moradores passam a ter casas pintadas, acabadas, com garagens, mas sem portas de comércio ou barracões de aluguel. Nas comunidades, as opiniões sobre as mudanças se dividem, só não há dúvidas sobre o grande impacto das obras.

Ao todo o investimento em Minas está na margem dos três bilhões de reais. As obras incluem abastecimento de água, esgotamento sanitário, tratamento e destinação adequada do lixo, além da remoção de moradias em beiras de córregos e áreas de risco. O programa viabiliza a construção de prédios, ruas, avenidas e viadutos além de espaços para esporte e lazer.

Para o engenheiro do Departamento de Obras do Estado de Minas Gerais, Pedro Paulo, a reorganização desses locais será realizada em diversas frentes. Além da verticalizacao do espaço, com a construção de prédios, haverá também mudança no que diz respeito ä higiene, transporte e violência.

O primeiro secretário da Associação Comunitária da Vila Califórnia, Marlon Marx, conta que, no momento inicial, os moradores resistiram ä mudança para prédios, mas após a construção dos primeiros edifícios se mostraram favoráveis. Marx acredita que, com o PAC, os moradores de vilas sofrerão menos preconceito. Para ele o trafico está estreitamente ligado à questão da discriminação e da violência e, por isso, com a reestruturação da vila a população fica beneficiada.

Segundo o engenheiro, Pedro Paulo, com relação ao saneamento, em vários pontos serão instalados interceptores de esgoto para que o lixo produzido pelas comunidades não seja mais jogado nos Ribeirões. Também serão abertas ruas e avenidas que ligarão os bairros de forma mais rápida, diminuindo o tempo de percurso. O engenheiro acredita que o fato de não existir mais becos e vielas diminuirá o espaço do traficante alem de possibilitar acesso mais fácil da policia.

Pedro Paulo avalia que o cadastro sócio-econômico, onde todos os moradores serão incluídos, é um diferencial do programa, que pretende acompanhar as comunidades, após a conclusão das obras. Os potenciais culturais dos moradores são levantados e lideranças comunitárias serão capacitadas para trabalharem junto aos moradores.

Segundo a arquiteta Junia Naves, Chefe do setor de captação da Urbel – Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte, serão realizadas intervenções a longo prazo o que possibilita integrar as políticas urbanas e sociais, além de contar com a participação da comunidade durante todo o processo.

Em Belo Horizonte, as obras já começaram na vila São José, na região noroeste da capital. Na Serra, as vilas Nossa Senhora de Fátima, Marçola, Santana do Cafezal, Nossa Senhora Aparecida, Senhora da Conceição e Novo São Lucas também estão sendo reestruturadas. Na capital, além da Serra e Vila São José, o programa Vila Viva, que tem recursos do PAC, será executado no, Taquaril, Pedreira Prado Lopes, Morro das Pedras, Vila Califórnia e Vila São José.

Em Contagem pelo menos quatro vilas são contempladas: Barraginha, Maria da Conceição, Itália e Parque Maracanã. Em Ibirité, as vilas escolhidas foram Primavera e Águia Dourada. Em Ribeirão das Neves, vários bairros foram selecionados entre eles Rosaneves, Neviana, Alicante, locais com baixo nível de urbanização e alto índice de violência. Em Sabará, os bairros Rosário I, II e III receberam 19 milhões de reais. E em Santa Luzia o bairro São Bernardo e a Vila Nossa Senhora do Bonfim também participam do PAC.

LISTA DE COMUNIDADES CONTEMPLADAS PELO PAC

Belo Horizonte
Serra – Vilas São José, Nossa Senhora de Fátima, Marçola, Santana do Cafezal, Nossa Senhora Aparecida, Senhora da Conceição e Novo São Lucas
Taquaril
Pedreira Prado lopes
Morro das Pedras
Vila Califórnia
Vila São José

Contagem
Vilas Barraginha
Maria da Conceição
Itália
Parque Maracanã

Ibirité
Vila Primavera
Vila Águia Dourada

Ribeirão das Neves
Rosaneves
Neviana
Alicante
Outros

Sabará
Rosário I
Rosário II
Rosário III

Santa Luzia
São Bernardo
Vila Nossa Senhora do Bonfim

Betim
Vila Recreio
Jardim Terezópolis
Vila Bemge
Alto Boa Vista

Sete Lagoas
Padre Teodoro
Alvorada
Planalto
Montreal
Monte Carlo
Itapoá
Iraque
Kuwait

Nova Lima
Jardim Canadá
Vale do Sereno
Honório Bicalho

Outras cidades: Capim Branco, Matozinhos, São José da Lapa, Lagoa Santa, Esmeraldas, Juatuba, Pedro Leopoldo, Vespasiano, Raposos, Rio Manso, Córrego Fundo, Governador Valadares, Itabirito, Juatuba, e Uberlândia.

SUGESTÃO DE FONTES:
1. Marlon Marx – primeiro secretário da Associação Comunitária da Vila Califórnia – 3417-9491
2. Pedro Paulo – engenheiro do Departamento de Obras do Estado de Minas Gerais – 3235-61833
3. Júnia Naves – Chefe do setor de captação da Urbel – Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte – 3277-6402
4. Ministério das Cidades – assessoria de comunicação – (61) 2108.1602
5. Prefeitura de Belo Horizonte – Secretaria de Políticas Urbanas – assessoria de comunicação – 3277-8004 e 8005