Rappers ocupam espaço público no centro da capital

Desde 2007 o hip hop em Belo Horizonte tem um novo palco. O Duelo dos MC’s teve inicio a partir de encontros informais em espaços públicos da cidade onde eram realizadas batalhas de Freestyle (rimas de improviso) e aos poucos foi conquistando espaço. A iniciativa partiu de um pequeno grupo independente e ganhou maior visibilidade após a realização de uma etapa da Liga dos Mc’s, criada no Rio de Janeiro. Hoje o público que freqüenta o duelo já ultrapassa 300 pessoas por semana e é extremamente variado, com pessoas de todas regiões da cidade, bairros, vilas e favelas.

O evento tem o objetivo de manter viva a cultura hip hop, mas, ao contrário do que muitas pessoas pensam, sua origem não remete ao rap norte-americano e sim ao nordeste brasileiro, as emboladas e aos duelos de repente, onde um ataca e o outro defende. No Duelo dos MC’s não são permitidas ofensas, agressões físicas, nem manifestações racistas ou preconceituosas. O vencedor é escolhido pelo público através das palmas. Shows e disputa de b. boys também são atrações à parte e fazem com que a galera não disperse até a finalíssima. Para participar dos duelos são cobrados dois reais e as inscrições são feitas no próprio local.

O projeto nasceu da falta de um espaço que acolhesse o trabalho de artistas independentes e acabou abrangendo a questão da ocupação do espaço público, já que muitos locais na cidade, que poderiam ser utilizados como instrumentos de democratização da cultura, na maioria das vezes, estão sendo depredados e esquecidos. Tendo em vista que o hip hop é ferramenta de participação através da arte, da musica e da dança o duelo busca criar um espaço de troca de experiências e informações, onde as pessoas possam conviver de forma harmoniosa.

Para Simpson (22), morador da Vila São José, os duelos refletem “cultura na rua de graça para o povo, e é importante porque não envolve apenas um segmento da sociedade”. Para ele o evento é um ponto de encontro que ajuda a quebrar preconceitos e aproxima as pessoas por mais que sejam diferentes.

Evento confirma que o rap vai muito além da periferia

Felipe Thales, um dos coordenadores do evento, admite que o público é composto em sua maioria pela classe média. Ele acredita que esse fato se dá em função da divulgação que foi feita somente na internet e também em função de estilo. Para ele, uma forma de aproximação com o publico da periferia são os pokte shows que na sua maioria são apresentações de jovens da classe baixa.

As mulheres, apesar de minoria, também marcam presença no evento. Para a estudante Ana Paula Alves, moradora da Serra, apesar de terem espaço, muitas vezes falta coragem para as meninas participarem. Na avaliação dela, o hip hop representa a luta contra todo tipo de preconceito, sendo um movimento em prol da vida, uma arma dos excluídos frente as desigualdades do mundo. Ana Paula acredita que o duelo é de extrema importância para Belo Horizonte pois representa a mudança na cena hip hop na cidade.

Freqüente

Atualmente os duelos são realizados em um teatro de arena que fica em frente a Serraria Souza Pinto. Esse espaço foi criado a partir do Projeto Arco das Artes desenvolvido pelo atual vereador Arnaldo Godoy, quando ele era secretario de cultura. O local, ao ar livre, que deveria abrigar atividades culturais durante toda a semana acabou sendo abandonado pelo poder político. A partir da idéia de revitalização do espaço público através da intervenção urbana foi instalada iluminação e solicitada junto a Prefeitura limpeza da área para que então ela pudesse ser utilizada.

O projeto não conta com nenhum tipo de patrocínio. Segundo Felipe, um dos organizadores do Duelo, não é necessário este tipo de financiamento justamente por causa da idéia do projeto de auto-gestão onde é dividi-se as funções para cada integrante do movimento.

SUGESTÃO DE FONTE:

1. Felipe Tales – um dos coordenadores da associação Família de Rua:
88196768/ 3421.2036