Favela é isso aí lança livros sobre arte e cultura em vilas e favelas de Belo Horizonte

Os livros da coleção “Prosa e Poesia no Morro”, produzidos pela Associação Favela é Isso Aí, organizados pela socióloga Clarice Libânio, serão lançados no dia 10 de Junho. A idéia de publicar mais livros que divulguem a cultura da periferia surgiu após o do primeiro livro da socióloga, o “Guia Cultural de Vilas e Favelas de Belo Horizonte”. A coleção “Prosa e Poesia” contêm cinco unidades: o volume um é o “Banco da Memória”, o volume dois de “Receitas da Comunidade”, o volume três trata da “Produção Literária”, o quatro de “Ensaios” e o volume 5 “Mostra de Artesanato”.

O Guia nasceu da constatação de que existiam poucos trabalhos sobre as manifestações culturais em vilas e favelas. Ao todo são 226 vilas, favelas e conjuntos habitacionais na Capital. Foram cadastrados, no Guia, 739 artistas-solo e grupos culturais, com mais de 6.000 pessoas envolvidas com música, artesanato, dança, artes plásticas, teatro, literatura, folclore e religiosidade.

Além de divulgar esses artistas o Guia também contribuiu para pensar a questão do espaço destinado a este seguimento na mídia e a sua veiculação. Segundo Clarice, “a falta de canais de divulgação atinge mais duramente os fazedores de arte das vilas e favelas, prejudicados tanto pela falta de recursos financeiros quanto pelo desconhecimento e falta de acesso aos meios convencionais de exposição ao público”. Segundo Mestre Tito, do grupo de dança “Brother Soul”, com a publicação do Guia, o trabalho deles teve maior visibilidade, foram feitas reportagens e matérias que levaram a cantora Fernanda Abreu a convidá-los para dançarem na sua turnê.

Banco da Memória

Diante deste quadro de dificuldade na divulgação do trabalho dos artistas das vilas e favelas ao grande público surgiu a vontade de criar um banco de dados eletrônico, disponibilizado por meio de um site, em que pudessem ser atualizados os dados cadastrais. O projeto Banco da Memória surgiu dessa necessidade de aprofundar os dados das vilas e favelas com a publicação do histórico de cada comunidade e de dois artistas destaques. Em um ano, o projeto Banco da Memória atingiu 18 comunidades: os conjuntos Felicidade e Conquista da União e as vilas Marieta, São Rafael, São Miguel, Nossa Senhora do Rosário, Maria, Taquaril, Mariquinhas, Senhor dos Passos, Sumaré, Novo Ouro Preto, Imbaúbas, Apolônia e Acaba Mundo.

Agora a pesquisa dessas comunidades será publicada no livro “Banco da Memória”. Primeiramente apenas estas 18 estão sendo publicadas, mas a ONG pretende publicar estudo sobre todas as 226 vilas e favelas de Belo Horizonte. Algumas comunidades, como o Morro das Pedras, Morro do Querosene, Vila Santa Rita e a Vila São João Batista já tiveram seus dados publicados no site e aguardam verbas para a publicação de mais livros.

Apesar da continuidade do “Banco da Memória” já ter sido aprovado em leis de incentivos, a dificuldade está na captação dos recursos. O projeto que também pretende abarcar vilas e favelas de outras cidades agora espera o patrocínio para continuar divulgando a arte e cultura da periferia.

Sugestão de fontes:
1. Clarice Libânio – coordenadora da ONG Favela é Isso Aí – 3282-3816
2. Mestre Tito – integrante do grupo de dança “Brother Soul”: 9107-2657