A produção é uma das principais dificuldades dos artistas da periferia

Nas vilas e favelas a maioria quase absoluta dos artistas sobrevive com a renda gerada por outros trabalhos.  Artistas e artesãos são pintores, pedreiros, porteiros, garçons ou garçonetes, motoboys, cozinheiras, ascensoristas, empregadas domésticas entre várias outras profissões. Isso porque, como ocorre com artistas de várias classes sociais, é difícil sobrevir das atividades artísticas. Para os moradores da periferia, a falta de recursos para contratar um profissional de produção é um agravante, como explica Russo que é rapper, membro do grupo D.ver-cidade Cultural e produtor. “Os grupos cantam rap como hobby e a grande maioria é servente de pedreiro, faz bico e não tem tempo de ensaiar, não tem grana pra produzir, não tem condições de colocar o cd na rua”, exemplifica. “A maior parte dos grupos não tem dinheiro nem pra registrar as músicas”, completa.
 
Russo, ligado a um grupo de artistas e militantes juvenis, fundou a “Na tora produções”, tudo é feito com o mínimo de recursos e máximo de boa vontade. Uma das alternativas encontradas para romper as dificuldades foi à realização de coletâneas com vários grupos de rap da cidade em um mesmo CD. Em menos de um ano, Russo produziu 57 grupos. Os artistas cedem as faixas para a coletânea, pagam praticamente o custo do CD, e depois todos eles revendem álbuns, de comum acordo, inclusive o produtor.  A venda também é feita em locais alternativos como o Duelo de MC’s, que é um dos principais espaços para os artistas se apresentarem. O Duelo é realizado toda sexta-feira à noite, embaixo do viaduto de Santa Tereza.  Com projetos alternativos, como o Hip Hop Aciona, também realizado em local público (na Rua Timbiras – centro), quinzenalmente, os grupos vão driblando a dificuldade de conseguir casas pra shows.
 
Nó da produção
Para Rômulo Avelar, assessor de Planejamento do Grupo Galpão e Grupo do Beco (Aglomerado Santa Lúcia), uma das soluções para que os artistas e grupos culturais tenham sucesso é a presença de um produtor. “Os grupos tem muita preocupação em resolver suas questões artísticas, mas eles têm que estar muito atentos à questão da produção. Sempre existe um nó da produção que precisa ser vencido. E aí é preciso formar equipes multidisciplinares”, avaliou Rômulo Avelar em participação no Programa de Rádio Favela é Isso Aí (veiculado na Rádio Inconfidência 100,9).
 
Segundo Rômulo Avelar o artista precisa ter tempo para a própria formação artística, para a realização de ensaios. “Já foi o tempo que o artista sozinho conseguia resolver todas as questões ligadas a sua carreira, os grupos tem muita dificuldade, os artistas da periferia também tem essa dificuldade. Então é necessário que os grupos busquem essa estruturação. É o produtor vai cuidar dessa cozinha administrativa, de produção”, analisa.
 
Uma alternativa para a falta de tempo e falta de recursos
A elaboração de bons projetos para Leis de Incentivo, prevendo a figura do produtor no orçamento é uma das soluções, apontadas por Rômulo Avelar.  Cada vez mais o próprio poder público municipal, estadual e federal tem ofertado oficinas de planejamento, elaboração, gestão e captação para projetos culturais. Fiquem atentos também aos editais!
 
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